segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Ipea divulga estudo sobre legislação ambiental

Série de Comunicados sobre sustentabilidade ambiental tratará ainda de políticas públicas e uso do poder de compra

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentou nesta quinta-feira, 24, o Comunicado do Ipea n° 81: Direito Ambiental e A Lei de Crimes Ambientais, parte da série Eixos do Desenvolvimento Brasileiro. O Comunicado foi lançado em São Paulo (auditório da Caixa Econômica Federal, Praça da Sé, 111, Centro).

O Comunicado do Ipea nº 81 está divido em duas partes. Primeiramente, o estudo trata dos princípios que regem o direito ambiental brasileiro, os limites de implantação, as perspectivas para a legislação ambiental, e a efetividade e a eficácia das normas ambientais no Brasil. Na segunda parte, o comunicado aborda a responsabilidade ambiental, o regime de sanções, o regime de incentivos e diversas leis que versam sobre o tema. O Comunicado também aponta algumas imperfeições da Lei de Crimes Ambientais. O assunto está diretamente relacionado às mudanças no Código Florestal Brasileiro atualmente em discussão.

Série
O Comunicado faz parte de um conjunto amplo de estudos sobre o que tem sido chamado, dentro da instituição, deEixos do Desenvolvimento Brasileiro: Inserção internacional soberana; Macroeconomia para o desenvolvimento; Fortalecimento do Estado, das instituições e da Democracia; Infraestrutura econômica, social e urbana; Estrutura tecnoprodutiva integrada e regionalmente articulada; Proteção social, garantia de direitos e geração de oportunidades; e Sustentabilidade ambiental. 

A série Sustentabilidade Ambiental no Brasil: Biodiversidade, economia e bem-estar humano faz uma análise de diversos setores relacionados ao meio ambiente no Brasil. E busca servir como uma sistematização e reflexão sobre os desafios e oportunidades do tema meio ambiente, de forma a fornecer ao Brasil o conhecimento crítico necessário à tomada de posição frente aos desafios da sustentabilidade ambiental.

Comunicados
O livro Sustentabilidade Ambiental no Brasil: Biodiversidade, economia e bem-estar humano, cujos capítulos deram origem aos comunicados da série, contém outros 14 capítulos sobre temas relacionados ao meio ambiente no Brasil.    
    
No site do Ipea (www.ipea.gov.br) estão disponíveis os comunicados já divulgados da série Sustentabilidade Ambiental no Brasil: Biodiversidade, economia e bem-estar humano: 

Comunicado do Ipea nº 77 – Energia e meio Ambiente 

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Indústria: a consciência ecológica já chegou por lá

Por Bruna Lucianer 
Foto: Bruno Henrique / Correio do Estado
Eduardo Azzi, gerente da unidade campo-grandense do frigorífico Friboi


A Política Nacional de Resíduos Sólidos já deve imprimir mudanças de hábitos e conceitos dentro da sua casa, imagine o que ela fará com o processo produtivo de empresas e indústrias. Este, aliás, é um dos principais pontos da nova lei: produzir de maneira eficiente e pensar na logística reversa dos resíduos inutilizáveis.
A adaptação das grandes indústrias é, hoje, o menor dos problemas. A consciência a respeito dos benefícios que a preservação dos recursos naturais traz para o meio ambiente e, claro, para a imagem da empresa, já faz parte do processo produtivo há um certo tempo. O difícil, mesmo, é “ser ambientalmente correto” sem que o Estado proporcione o mínimo de condições para isso. 
Pense no caso de Campo Grande: uma indústria metalúrgica separa e coleta quase 30 toneladas de materiais recicláveis por mês. E aí? Se ela não pagar para uma empresa especializada coletar esses materiais e dar a destinação correta, o caminhão do lixo simplesmente descarta no lixão, velho conhecido, e a possibilidade de reciclagem – e preservação de recursos, e geração de renda – vai por água abaixo.
Esse é o caso da Soprano, indústria de montagem de fechaduras e ferragens para móveis instalada em Campo Grande há seis anos e localizada no anel viário da BR-262, saída para Aquidauana. Da produção e comercialização de 28 mil fechaduras por dia, sobram aproximadamente seis toneladas de metal, 14 toneladas de papelão e oito toneladas de plástico todos os meses. Um funcionário portador de necessidades especiais, deficiente auditivo, trabalha exclusivamente na separação e prensagem desses resíduos, que são vendidos para empresas recicladoras.
A ação não dá lucro, nem prejuízo, mas já imprimiu um novo ritmo de trabalho à empresa e seus 360 funcionários. “Seria muito mais simples deixar tudo ali na frente, misturado. O lixeiro recolheria do mesmo jeito. Mas essa não é a política da empresa e a gente sabe da responsabilidade que nos compete”, resume Maísa Passos de Azevedo Jorge, técnica de segurança de trabalho da Soprano. A implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos não preocupa a direção da empresa. “As adaptações necessárias são mínimas. Já fazemos o que a Lei preconiza há muito tempo”, declara Maísa.
Ramo da alimentação
E os bons exemplos não param por aí. Some à preservação do meio ambiente a necessidade de produzir alimentos com eficiência e qualidade e chegue ao frigorífico Friboi, do Grupo JBS. Localizado no Bairro Nova Campo Grande, a indústria precisou investir tempo e dinheiro para otimizar o sistema produtivo e chegar a um método de trabalho que impactasse minimamente a natureza e incomodasse o menos possível a vizinhança.
Chegaram a um estágio de gerenciamento de produção que começa na captação e tratamento de toda a água utilizada na indústria em uma Estação de Tratamento própria; passa pela “lavagem de gases”, que reduz as substâncias odoríferas e a geração de gases de efeito estufa; e termina nas três lagoas de decantação que tratam os efluentes e os devolvem ao local de onde saíram, o córrego Imbirussu.
Todos os novos funcionários passam por um treinamento de integração ao serem admitidos na empresa, o programa “5 S”, de Senso de utilização, de ordenação, de limpeza, de saúde e de autodisciplina. Os resíduos sólidos também são coletados, prensados e enviados para a reciclagem. “Também estamos trabalhando em projetos de reuso de água”, adianta a bióloga Fabiana Néri, responsável pela análise da água que entra e sai dos processos industriais.
Para Fabiana, o Grupo JBS está pronto para a implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e deixa clara a preocupação socioambiental em todas as atividades que realiza. Mais uma prova de que quem precisa se adaptar é justamente a parte responsável pela aplicação da lei: o Estado.
Contra o aquecimento global
Entre os compromissos do Grupo JBS com a sustentabilidade, está a redução de emissões de gases do efeito estufa. Repare na fumaça saindo do maquinário na foto ao lado: de nada lembra aquela fumaça escura que caracterizou o céu da Revolução Industrial no século 18.
“Funcionamos no meio de um bairro, com vizinhos por todos os lados. Todas as nossas atividades precisam levar esse ponto em consideração. O lavador de gases (foto), além de reduzir a geração de gases de efeito estufa, reduz consideravelmente o mau cheiro resultante do processo produtivo”, detalha Eduardo Azzi, gerente comercial da unidade campo-grandense do Friboi.
Uma escola localizada a poucos metros do frigorífico, que já sofreu com odores e descartes inadequados da indústria no passado, comemora a parceria com o Grupo e, hoje, elogia cada uma das ações socioambientais praticadas e defendidas pelo JBS. 
‘Falta atitude de todos’ 
Um dos principais pontos da Política Nacional e, hoje, uma das mais difíceis aplicações na realidade campo-grandense, é a disposição ambientalmente adequada dos resíduos. O texto explica esse termo como “distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos”.
Pois é, ainda não temos aterro. O espaço está lá: cavado e impermeabilizado. Mas isso não basta: é preciso providenciar a Usina de Processamento de Lixo (UPL), as instalações para captar chorume e queimar os gases, gerando energia, sem falar em toda uma reforma social na área do entorno do atual lixão.
Aí se esbarra novamente na necessidade urgente de adaptação por parte do poder público, um dos principais responsáveis por todo esse processo. “Na verdade falta atitude e responsabilidade de todo mundo. Há empresas que já estão prontas, outras não. Também falta incentivo do poder público para a instalação de empresas que trabalhem com reciclagem, por exemplo”, declara Alexandre Raslan, promotor de justiça do meio ambiente.
Para ele, os órgãos ambientais deveriam emitir licenças ambientais com ênfase na questão do gerenciamento dos resíduos sólidos, assunto hoje secundário nos documentos. 

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Eventos climáticos pioram quadro já apertado de oferta de alimentos

Em condições estáveis de clima, serão necessários dois anos para que a oferta volte à normalidade. Mas analistas não descartam novos fenômenos extremos, como inundações e secas

Beatriz Ferrari e Benedito Sverberi
Na Alemanha, rio Oder cobre plantação de milho na vila de Manschnow (Thomas Peter/Reuters)

A alta nos preços dos alimentos, os ‘vilões’ da inflação do ano passado, deve continuar pesando no bolso do brasileiro ao longo de 2011. Não bastasse o forte ritmo de expansão do consumo de produtos agrícolas – que, por seguidas vezes, surpreendeu os economistas em 2010 –, puxado principalmente pelos países emergentes, um fator adicional complicou o balanço de oferta e demanda: quebras de safras em diversos pontos do planeta, ligados a fenômenos climáticos. O descompasso fez com que os estoques de grãos baixassem drasticamente e, segundo uma fonte do mercado, não devem se recompor no curto prazo. Em condições estáveis de clima, serão necessários dois anos para que a oferta volte à normalidade. A notícia que preocupa, no entanto, é outra. Os pesquisadores não descartam a hipótese de fenômenos extremos, como secas ou excesso de chuvas. Ou seja, vai demorar ainda mais tempo para que os estoques sejam suficientes para a demanda.

Mudanças no clima – A pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Thelma Krug, explica que eventos extremos sempre existiram e que é muito difícil saber com precisão se são determinados por condições naturais históricas ou por eventos ‘novos’, ligados a mudanças climáticas. Contudo, ela afirma que o aquecimento global é inequívoco. “Diversos estudos mostram claramente o aumento da temperatura do planeta e como isso se acelerou nos últimos cinqüenta anos”, destacou.
Uma conseqüência imediata deste aquecimento é um crescimento da evaporação da água naqueles países com extensa ‘área úmida’ – muitos rios, lagos e oceanos, como o Brasil – e, conseqüentemente, a tendência é que isso se reflita nas chuvas. “Em comparação com a média, as precipitações podem crescer em volume e se tornar mais freqüentes”, afirmou.
Também as secas podem ficar mais fortes. A estiagem, segundo a pesquisadora, está muito ligado à La Niña e ao El Niño; respectivamente, o resfriamento e o aquecimento das águas do Oceano Pacífico. “Os modelos apontam maior recorrência destes fenômenos naturais, com aumento da freqüência e da intensidade”, explica.
Quebras de safra – De fato, vários eventos climáticos foram determinantes para reduzir os estoques de grãos no ano passado. Em junho, uma seca intensa atingiu a Rússia e parte da Europa oriental – tradicionais regiões produtoras de trigo. No mês seguinte, os Estados Unidos sofreram com as chuvas excessivas, o que impôs perdas às plantações de milho e soja. Na Argentina, como os estudiosos haviam detectado o La Niña, já se sabia que a estiagem atrapalharia os planos dos produtores de soja. No Brasil, a ‘safrinha’ de milho, colhida na entressafra da soja, foi atrasada em função das fortes chuvas também já esperadas. Com isso, os agricultores nacionais têm muito pouco tempo para plantar e colher o milho em 2011 – e a ‘quebra’ da produção já é dada como certa. Por fim, as inundações na Austrália no começo deste ano prejudicaram as exportações globais de trigo e outros grãos, como cevada, sorgo e aveia.
“O mercado de grãos é interligado. O balanço de oferta e demanda da soja por si só não está caótico, mas o cenário para os outros grãos é muito ruim”, apontou o economista de um grande banco. Mais que uma crise na oferta, viu-se uma grande ‘quebra’ na demanda. “O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, o USDA, e outros órgãos revisaram diversas vezes para cima as projeções de consumo porque o mundo emergente não pára de crescer”, acrescentou.
Diante de estoques baixos, que levam tempo para se recompor, e da pressão do avanço do consumo, a alta das cotações é inevitável no médio prazo. A Tendências Consultoria avalia que algumas safras para o ciclo 2010/2011, como as de trigo e de milho, serão menores do que o consumo estimado desses produtos pelo USDA, o que deve implicar preços recordes neste ano. A saca da soja deve fechar 2011 custando 47,17 reais, com alta de 17,7% em relação a 2010, ao passo que a de milho, em 28,46 reais, ficará 32,3% mais cara. “Os estoques muito baixos. Isso implica volatilidade dos preços nos próximos anos”, explica Amaryllis Romano, economista da Tendências.
A analista também aponta que este quadro favorece a recuperação da renda agropecuária. Os preços altos são o incentivo fundamental para que os agricultores invistam mais em suas plantações nos próximos meses. Tal fator é preponderante para a recuperação dos estoques. Daí, o fato de a elevação dos preços agrícolas no mundo ser, em geral, um fenômeno cíclico. O temor de outra fonte é que essa recuperação será mais demorada, justamente porque os estoques estão muito deprimidos. Diante disso, o Banco Santander estima que, da inflação de 5,5% prevista pela instituição para 2011, 1,9 ponto porcentual virá dos preços dos alimentos.

Fonte: Veja.

Brasil precisa de investimento em energia limpa, diz Ipea

DA EFE
A meta de consolidar uma matriz de energia "limpa" no Brasil a partir dos avanços em biocombustíveis e outras fontes alternativas requer um maior investimento para os próximos anos, apontou um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

O relatório "Energia e Meio Ambiente no Brasil" reconheceu o potencial do país sul-americano, mas destacou a necessidade de aumentar os investimentos em pesquisa e projetos, sem vê-los como "um sacrifício para a economia nacional" e sim como uma política de "responsabilidade social e ambiental".

No caso dos biocombustíveis, para competir com os derivados do petróleo, o estudo sugere estímulos como os subsídios e até as isenções fiscais por parte do governo.

O estudo revela que o Brasil consome anualmente 25 bilhões de litros de etanol, segundo dados de 2009, e que essa demanda pode chegar aos 60 bilhões de litros em 2017.

Mais de 90% dos veículos automotores novos no Brasil estão dotados com a tecnologia flex, que permite a combustão com gasolina, etanol ou a mistura de ambos.

Apesar do crescimento da demanda de biocombustíveis no Brasil, o estudo mostrou também uma tendência ao aumento do consumo de combustíveis fósseis no país até 2030.

As mesmas projeções apontam que a energia eólica e a gerada a partir de resíduos sólidos também devem crescer no Brasil.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Depoimento: “é um fantástico curso para quem possui o interesse de ampliar seus conhecimentos”

A aluna Agda Santana, advogada de Londrina – PR, que está concluindo a Pós-graduação em Economia e Meio Ambiente com ênfase em Negócios Ambientais da UFPR entre os alunos que mais se destacaram no curso, compartilhou conosco a sua opinião:

“O Curso de Economia e Meio Ambiente com ênfase negócios ambientais é um fantástico curso para quem possui o interesse de ampliar seus conhecimentos. O tema meio ambiente, como é cediço, deve ser compreendido e trabalhado de forma interdisciplinar, como no presente curso, que lhe aborda no âmbito legislativo, econômico, contábil, político e social, sob todos os aspectos imprescindíveis para estudar o tema e os negócios que o envolvem. Além, de um ótimo curso, dispõe ainda de maravilhosos tutores, competentes e atenciosos.”

Parabéns e Sucesso Agda!
Obrigada!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Energia e meio ambiente: Ipea divulga estudo

Da Agência Ambiente Energia - O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulga nesta terça-feira, dia 15 de fevereiro, o “Comunicado do Ipea nº 77: Energia e meio ambiente no Brasil”, que integra a série Eixos do Desenvolvimento Brasileiro. Segundo o Ipea, o estudo aborda questões como oferta interna e padrão de consumo energético do país, incluindo a análise da matriz energética brasileira, os percentuais de energia renovável e não renovável, além de projeções do consumo e investimentos futuros em energia. A geração de energia a partir de fontes alternativas, como a eólica, biomassa e solar, também faz parte do comunicado. O estudo ainda trata do consumo energético residencial, nos transportes e na indústria brasileira.
O Comunicado faz parte de um conjunto amplo de estudos sobre o que tem sido chamado, pelo Ipea, de Eixos do Desenvolvimento Brasileiro: Inserção internacional soberana; Macroeconomia para o desenvolvimento; Fortalecimento do Estado, das instituições e da Democracia; Infraestrutura econômica, social e urbana; Estrutura tecnoprodutiva integrada e regionalmente articulada; Proteção social, garantia de direitos e geração de oportunidades; e Sustentabilidade ambiental.
O primeiro conjunto de textos abordam temas como as opções brasileiras em termos de energia que respeitem as limitações ambientais nacionais e globais e instruam o debate em torno do que fazer para expandir a produção energética; o aproveitamento, valorização e a conservação da riqueza de biodiversidade; políticas públicas voltadas para a questão ambiental; a importância de uma legislação adequada que indique os caminhos a percorrer: mudanças climáticas; e geração de empregos “verdes”.
O livro Sustentabilidade Ambiental no Brasil: Biodiversidade, economia e bem-estar humano, cujos capítulos deram origem aos comunicados da série, contém mais 14 capítulos sobre outros temas relacionados ao meio ambiente no Brasil. Dentro da série, ainda serão divulgados comunicados sobre biodiversidade, políticas públicas de meio ambiente, Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), direito ambiental, emprego verde e sustentabilidade na construção civil.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Será criado este mês comitê que vai regular devolução de lixo sólido reciclável

Cinco ministros iniciam este mês a elaboração das normas que vão regular o retorno aos fabricantes do material reciclável consumido no país. Os ministros da Agricultura; do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; da Fazenda; da Saúde; e do Meio  Ambiente vão integrar o Comitê Orientador para Implantação de Sistemas de Logística Reversa, um dos órgãos previstos no decreto que regulamenta a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Segundo o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Silvano Silvério da Costa, a criação do grupo deve ser formalizada no dia 17. A partir daí, o grupo vai trabalhar para garantir que todo resíduo sólido seja reutilizado, reciclado ou recolhido pela indústria responsável. A ideia do MMA é que sejam firmados acordos setoriais com cadeias produtivas de  vidros, latas, embalagens e óleo, entre outras. Fabricantes, distribuidores, comerciantes e consumidores vão compartilhar a responsabilidade pelos resíduos.

Caso os setores não cheguem a um acordo, o comitê irá editar normas sobre a logística reversa dos materiais. Essas normas serão válidas para todo país e terão como base a PNRS.

Costa disse que o comitê deve priorizar a regulação da logística reversa dos resíduos mais prejudiciais ao ambiente. Por isso, lâmpadas, produtos eletrônicos e embalagens (devido ao grandes volume) devem ser os primeiros resíduos que terão regulamentados os procedimentos de retorno à indústria.

Além do comitê de logística reversa, Costa afirmou que também deve ser criado até o mês que vem o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos. O grupo será formado por representantes de dez ministérios e será responsável por acompanhar o cumprimento da PNRS.

A lei que instituiu a política de resíduos sólidos foi sancionada em agosto do ano passado e regulamentada em dezembro. Ela estabelece diretrizes e responsabilidades sobre descarte, reciclagem e reutilização do lixo. Um dos principais pontos da PNRS determina que todos os lixões do país sejam fechados até 2014. O lixo que não pode ser reciclado terá de ser enviado a aterros sanitários, onde serão estocados de forma adequada para evitar a contaminação do solo e da água. “É uma meta difícil, mas está na lei. Temos que cumprir”, afirmou Costa.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Entrevista com o Coordenador Prof. Anadalvo para a revista Ambiente Energia

Hora de investir na formação

Por Júlio Santos, da Agência Ambiente Energia – Se você não tem uma visão ambientalmente adequada de produtos e processos produtivos, cuidado, pois suas chances de entrar neste competitivo mercado dominado pela busca da sustentabilidade e da economia de baixo carbono estão menores. Para o professor Anadalvo Juazeiro dos Santos, do Departamento de Economia Rural e Extensão da Universidade Federal do Paraná (DERE/UFPR), as empresas querem profissionais capazes de encaminhar soluções inovadoras para os problemas decorrentes tanto do uso inapropriado dos recursos naturais quanto dos problemas de poluição inerentes na maioria das vezes ao processo produtivo.
“O mercado busca profissionais capazes de inovar dentro de uma concepção de sustentabilidade aplicada nas mais diferentes atividades humanas”, destaca o professor, que tem como uma de suas linhas de pesquisa a economia do meio ambiente. Por meio do Programa de Educação Continuada em Ciências Agrárias (PECCA), a UFPR acumula uma larga tradição na capacitação de profissionais, como mostra o curso pós-gradução a distância “Economia do Meio Ambiente – Ênfase em Negócios Ambientais”.
Agência Ambiente Energia - Como o senhor avalia, hoje, as necessidades do mercado por profissionais com especialização em economia, meio ambiente e mudanças climáticas, por exemplo?
Anadalvo Juazeiro dos Santos - Há uma tendência de o mercado tanto em empresas públicas como privadas em selecionar profissionais capazes de ter uma visão ambientalmente mais adequada tanto no que diz respeito aos produtos como aos processos produtivos. Isto significa buscar profissionais capazes de inovar dentro de uma concepção de sustentabilidade aplicada nas mais diferentes atividades humanas.
Agência Ambiente Energia – O que as empresas estão buscando deste profissional?
Anadalvo Juazeiro dos Santos - Na minha opinião, elas buscam profissionais capazes de encaminhar soluções inovadoras para os problemas decorrentes tanto do uso inapropriado dos recursos naturais quanto dos problemas de poluição inerentes na maioria das vezes ao processo produtivo.
Agência Ambiente Energia – As empresas privadas vêm buscando este tipo de capacitação. E no caso das empresas públicas e órgãos de governo, como está a procura?
Anadalvo Juazeiro dos Santos - Sim. Em todos os setores das atividades econômicas as empresas tem investido na busca de soluções para problemas decorrentes da produção tanto na ponta do uso dos recursos naturais quanto das externalidades negativas (dejetos, rejeitos, poluição) dela decorrentes. Os órgãos governamentais têm por obrigação dar bons exemplos para a sociedade. Neste sentido, muitas empresas de caráter estatal vêm investindo na melhoria de seus processos e produtos de forma a adequarem-se aos preceitos sociais, econômicos e ambientais postos pelo desenvolvimento sustentável.
Agência Ambiente Energia – Qual é a valorização no mercado (salarial e de oportunidades) para um profissional com esta capacitação?
Anadalvo Juazeiro dos Santos – Embora não tenhamos no momento avaliações a respeito dos alunos egressos das primeiras turmas, há evidências de que o mercado vem valorizando profissionais com esta qualificação à medida que a maioria dos nossos alunos possui vínculo empregatício. Isto certamente representa interesse das corporações pelo tema objeto da especialização.
Agência Ambiente Energia – O que o senhor considera como pontos fortes do curso?
Anadalvo Juazeiro dos Santos – Os pontos fortes são a compreensão sobre a inserção dos requisitos ambientais pelas atividades econômicas bem como a indicação de princípios e caminhos para a busca de possíveis soluções. Outro ponto forte diz respeito a possibilidade viabilizada pela EaD (ensino a distância) de um aprendizado através da comunicação assíncrona a qual não se prende aos limites dados pelo tempo e espaço. É necessário apenas ter acesso à internet em qualquer lugar e em qualquer tempo.
Agência Ambiente Energia – O curso busca capacitar profissionais a terem uma visão econômica, de valoração dos recursos ambientais e sua utilização. Hoje, fala-se muito de sustentabilidade. Como valorar as iniciativas ambientais?
Anadalvo Juazeiro dos Santos - Os recursos ambientais possuem valor econômico extraordinários. Tudo o que a natureza levou milhões de anos para criar deve ser valorado e metodologias para tanto existem. Por outro lado, é necessário que a sociedade mundial contemporânea reconheça este valor e remunere sua conservação. Isto é indispensável para que pratiquemos o uso sustentável dos recursos da natureza, o que certamente significa o maior desafio global dos próximos séculos.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Governo brasileiro defenderá desenvolvimento sustentável na reunião da FAO em Roma

Com potencial de aumentar 20 vezes a produção, Brasil quer usar o pescado para segurança alimentar e erradicação da pobreza extrema. País também quer eleger brasileiro como sucessor do maior posto da entidade.

Governos de mais de 190 países e o setor produtivo da pesca e aquicultura mundial estarão atentos, de 31 a 4 de fevereiro, ao calendário de mais um encontro do Comitê da Pesca da FAO, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. Representando o Brasil e a defesa da bandeira da sustentabilidade, a ministra da pesca e aquicultura, Ideli Salvatti, estará em Roma acompanhando as decisões que podem mudar os rumos do setor.

Na capital italiana, estarão em pauta dois assuntos considerados grandes desafios a maioria dos países: o combate à pesca ilegal e a prática da sustentabilidade na cadeia produtiva pesqueira e aquícola mundial. “Esse deve ser o nosso compromisso e temos condições de trabalhar para isso”, afirma Ideli.

Com potencial de saltar a produção de pescado de 1,2 para mais de 20 milhões, o Brasil é visto com grande expectativa pelos principais países produtores do continente asiático e Comunidade Européia.

De acordo com a ministra, a produção de alimentos é tida como preocupação constante dos organismos internacionais e o Brasil tem condições privilegiadas de contribuir para a garantia da segurança alimentar. “São mais de 8 mil km de costa e cerca de 12% da água doce do mundo”, lembrou.

Paralelo à agenda oficial, a ministra tem a missão de articular os países em favor da candidatura do brasileiro José Graziano para a direção geral da FAO, posto mais importante da entidade. A eleição acontecerá durante a conferência da FAO, em julho deste ano. Se Graziano for eleito, será a primeira vez que um representante do Brasil e também da América Latina comandará a entidade internacional.

As prioridades, resultados, orçamento e atuação da FAO também farão parte dos debates. A publicação da estatística da pesca e aquicultura mundial, com dados e perspectivas do setor, será apresentada na abertura do evento, que acontece a cada dois anos.

Brasil como exemplo - Exemplos como o Profrota, a gestão compartilhada, o desenvolvimento da aquicultura em águas da União contemplando pequenos produtores, a organização do setor em territórios geográficos de discussão e as medidas para pesca profissional artesanal sustentável são tidos como avanços do Brasil, país que há pouco mais de oito anos tem atuado estrategicamente nessa cadeia produtiva.

Segundo Ideli Salvatti, o Brasil está se preparando para se tornar um dos grandes produtores mundiais de pescado, a exemplo da simplificação da legislação que regula o licenciamento ambiental para produção no mar, rios, lagos e usinas hidrelétricas. “Só que aliado ao retorno econômico, queremos que a pesca e aquicultura seja sustentável, contribuindo, principalmente, na produção de alimentos para erradicação da miséria extrema no Brasil e no mundo”, finalizou a ministra da pesca e aquicultura. | Ascom/MPA